Crônicas, Artigos Etc.

imagem: a.j. cardiais

SOBRE GATOS

Eu nunca criei gatos. Aliás, eu nunca criei animal nenhum. Não é por não gostar de animais... Muito pelo contrário: Eu gosto até demais. Eu não crio porque acho que, se a gente resolve adotá-los, é preciso dar toda atenção a eles. E animal "doméstico" para mim é só gato e cachorro. Não me venha com coelho, tartaruga, pássaros, macacos e etc... E nem adianta dizer que são de cativeiro porque, espontaneamente, eles não nascem em cativeiro. Eles são de cativeiro por uma condição imposta pelo homem. Geralmente "os ancestrais" deles foram aprisionados e com isso perderam o faro, o tino, os dons de viverem no seu habitat, e não puderam (ou souberam) passar para os filhotes. Então, se soltassem um animal desses (de cativeiro), eles seriam presas fáceis de outros animais ou do próprio homem. Voltemos aos gatos:

Eu nunca criei gatos. Mas o meu neto um dia chegou com um, aqui em casa. Era um gatinho feio, coitadinho... Minha esposa brigou, reclamou, xingou... Mas o gatinho ficou. Depois o gatinho obrou no banheiro (o gatinho já veio educado) ela reclamou, falou, falou... Deixou pra lá. Minha filha, quando chegou do trabalho, viu o gatinho e se apegou. No dia seguinte, o gatinho amanheceu tremendo e vomitando... Como ninguém entendia de gatos, foi aquela preocupação: Dá isso, dá aquilo, faz isso, faz aquilo... Dá um chá. Chá de quê? Sei lá... Reza. Reza pra quem? Pra São Francisco...
Com tanta preocupação, o gatinho ficou bom. Eu acho que ele queria era chamar a atenção. E como chamou... Bem, o gatinho foi crescendo cheio de atenções, de leite, de ração, de carne... Resultado: Virou um gatão. Para dizer melhor: Um lindo gatão. Nem preciso dizer que tinha ganhado os nossos corações. Só para vocês imaginarem: Ele dormia com a gente. Minha mulher reclamava, brigava, mandava eu fazer alguma coisa... Eu não fazia nada. Aliás, eu fazia, sim. Eu dizia: Ele acha que nós somos a família dele. E nós não somos?

Pois bem, depois de tanto apego, uma vizinha começou a colocar veneno para matar ratos... Morreu uma gata (Nina, a namorada de Pepe, o nosso gato), morreu o segundo... Nós tentamos "segurar" o nosso gato, pois eu sonhei com ele se debatendo. Morreu o terceiro... Pepe foi o quarto. O meu neto, quando acordou, ficou sabendo. Aí começou a chorar, abriu o bueiro... Mesmo assim foi pra escola. Quando ele voltou da escola, foi logo gritando: Minha vó, olhe o que eu trouxe? Era outro gato. Minha mulher reclamou, terêrê, tarárá... O gato ficou. No outro dia, observando melhor, eu vi que era uma gata. Falei com minha mulher. Ela reclamou, brigou, perêrê, parárá... A gata está aqui, começando o reinado dela. Eu nunca criei gatos, porque não sabia que eles são tão maravilhosos. E o nome da gata é Lara.

Obs. Os outros gatos morreram distante da casa da "envenenadora". Já Pepe morreu na porta da casa dela. Foi como se estivesse a denunciá-la. Depois disso ela parou de colocar veneno para ratos.

A.J. Cardiais
29.05.2011


imagem: google

ANIMAL TEM ALMA?

Os animais têm alma, ou alguma coisa assim? Eu acho que devem ter... Vou contar o porquê da pergunta: Nós criávamos um gato, chamado Pepe, que era muito “safado”. Conseguiu conquistar todo mundo e tornou-se um gato muito especial. Imaginem, ele dormia conosco. Não tinha jeito de fazê-lo dormir em outro lugar... Uma semana antes de ele morrer, eu sonhei com este fato acontecendo. Pois bem, Pepe morreu envenenado. E o meu neto, o mesmo que nos trouxe Pepe, no mesmo dia, trouxe outro “gato”... Depois eu vi que era gata.
Eu sempre ouvi falar que os gatos são apegados ao lar, e não ao dono. Quando alguém se mudava o gato ficava, não ia com o dono. Se isso é verdade, eu não sei.
Foi esta lenda (?) que chamou a minha atenção: A gata quando chegou para a nossa casa, já estava um pouco grandinha. Um detalhe: O meu neto mora conosco. Justamente no dia que ele trouxe a gata, a mãe dele veio visitá-lo. Ela chegou bem na hora que minha mulher estava reclamando, porque a gata tinha sujado a casa toda. Como a mãe do meu neto não gosta de animais, ela fez o meu neto devolver a gata. Ele foi, chorando, devolver. A minha esposa estava tão aborrecida, que nem pediu que deixasse a gata.
Choveu quase a noite toda... De manhã, eu acordei escutando um miado... Como estava acostumado com Pepe, fiquei procurando de onde vinha... Quando eu abri a porta, a gata entrou correndo. Aí todo mundo ficou achando que o meu neto não tinha levado a gata para a antiga dona. Mas ficou comprovado que ele levou.
Agora eu pergunto: Como esta gata acostumou-se com nossa casa, em poucas horas? E lá, onde a gata morava, tinha outros gatos. Tem também a questão de uma casa não ser tão perto da outra.
Será que foi a “alma” de Pepe, que encarnou na gata? Ela só quer dormir na nossa cama.

A. J. Cardiais




imagem: a.j. cardiais

PENSAMENTOS DA MADRUGADA

São três horas da manhã, e eu estou aqui, escrevendo... Deveria estar dormindo, mas o meu sono me abandonou. Deixou-me aqui, entregue a pensamentos bobos, idéias vãs e à companhia de uma gata, com o “motorzinho” ligado, tamanho é o barulho que faz. Você deve estar se perguntando: Esse cara vai ganhar o quê, escrevendo isso? O que eu posso responder é: Sonhos. Eu não estou dormindo, mas estou sonhando acordado. E para ver o significado depois, estou escrevendo.
Se eu for contar pra você o monte de coisas que passou pela minha mente, enquanto eu estava deitado, daria para escrever umas dez crônicas como esta. Resultado: Perdi tudo, porque não escrevi. Agora que eu sentei-me aqui, com o intuito de aproveitar alguma coisa do que eu estava pensando, tem outras idéias atropelando. É assim mesmo! É igual a uma enxurrada: Vem lixo de todo tipo. É garrafa pet boiando, é lata tilintando, bonecas nadando, sacos enchendo e esvaziando... Se você nunca perdeu seu tempo observando estas besteiras, vai pensar que eu estou inventando. Mas as idéias são assim mesmo. E se você não prender elas no papel, elas vão embora com a madrugada ou com qualquer hora. Uma idéia é assim: Ela vem e, PLIM! É como uma lâmpada que acendeu. Não é à toa que colocaram uma lâmpada acesa, simbolizando que alguém teve uma idéia. E por falar em luz, eu vou apagar a minha agora, para economizar energia. Estou com os rascunhos, na mente, das crônicas que me incomodaram tanto. De manhã vou tentar prendê-las definitivamente. Bem, talvez agora eu consiga dormir... Vou tentar.

A. J. Cardiais
17.07.2011


imagem: google

PALAVRAS

Tem palavras, que ficam presas no vocabulário do nosso subconsciente. Quando “inventamos” de ser escritor, começamos a chacoalhar a mente. Então, elas se desprendem, e querem ser usadas. É aí que começa a história: Quando eu digito a palavra, e o dicionário do computador passa o “traço” vermelho. E agora, o que fazer? Tira letra, põe letra, tira acento, põe acento... E nada do traço apagar... Quem tem o luxo de ter um “Aurélio” em casa, se safa numa boa. Mas o meu “socorro”, coitado, nessas horas pede perdão. O pior de tudo é que nessas paradas, um monte de inspirações invade... E quando eu volto a caminhar, já não sigo pelo mesmo caminho. Nessas horas eu já estou cortando caminho, pegando atalho e etc. Tudo para ver se encontro o fio da meada. Mas a questão é a palavra... Tem aquela coisa do regionalismo, do bairrismo... e qualquer “ismo” que vá diminuindo o raio de ação da palavra. Eu mesmo sou retado (olha aí, chama o Nivaldo Lariú) para usar palavras da minha infância, que só entende quem foi menino (do mesmo bairro) naquela época. Por exemplo: Num poema, eu usei a expressão: Pidir pinico (é assim mesmo). Quando meu compadre leu, o poeta Luiz Nazcimentto, ele só achou engraçado eu ter me lembrado daquela expressão. Outra pessoa logo diria: Está errado. É pedir, e não “pidir”. E também não saberia o significado. O pior é que isso não está em nenhum dicionário, nem no de Nivaldo Lariú.
Se eu tivesse terminado o curso de Letras, eu optaria pela Linguística. Eu vou no: Como se fala, e não como se escreve.
Eu canto a minha aldeia, tentando tornar-me universal. Que não entendam a letra, mas espero que gostem da música.  

Vocabulário:
Pidir pinico: Dar-se por vencido, jogar a toalha, entregar os pontos, perder a luta.

A. J. Cardiais
16.07.2011



imagem: google

CONVERSA FIADA

Antes de começar este blá, blá, blá, eu preciso dar uma “desculpa esfarrapada”: Não sou nenhum historiador e nem estou pesquisando sobre o que eu vou escrever. Sou só um observador dos fatos e das fotos. Como falei antes, não estou pesquisando nada. Estou usando a minha memória. Então qualquer falha, é falta mesmo.
Comecei a “interessar-me” por partido político com o surgimento do PT. Quando eu vi aquele nome: Partido dos Trabalhadores, eu pensei: é disso que nós estamos precisando para mudar a situação. Eu já tinha lido alguns livros ligados ao Partido Comunista, falando das guerrilhas, de Prestes, de Lamarca, de Olga... Fiquei empolgado com tudo que li. Então filiei-me ao PT. Fiz campanha para alguns candidatos que eu simpatizei logo de cara: Jorge Almeida, Geracina Aguiar, Roque Aras e mais alguns. Infelizmente (ou felizmente, não sei) eu sou assim, preciso simpatizar-me com o candidato. Não sigo orientação do que quer que seja. Isso deve ser o meu instinto animal bem aflorado. Quando eu não vou com a cara do sujeito, não tem “orientação” que dê jeito. Eu posso até quebrar a cara, ninguém é infalível. Bem, para encurtar este lenga lenga, eu quero contar o seguinte: O PT, quando iniciou suas campanhas rumo ao poder, queria vencer a “barreira” sozinho, sem depender de partidos “aliados”. Eu coloquei aliados entre aspas, porque ninguém alia-se à troco de nada, apenas por ideologia. Aliás, não existe mais ideologia partidária. Existe o “se dar bem” e fim.
Então, o PT, depois de algumas “cacetadas”, aprendeu que o jeito era “abrir as pernas” (desculpem a baixaria). E foi o que ele fez: “Abriu as pernas às nações inimigas”. Só desse jeito chegou ao Poder. Eu, na minha santa ingenuidade, achei que o PT só fosse usar os “aliados” como trampolim, e depois do grande salto, daria uma banana para eles,
procurando mudar estas Leis Eleitorais, Judiciárias e etc, que tanto nos prejudicam. Ledo (Ivo) engano  (não lembro quem é (ou era) que escrevia isto). Agora vejo que TODOS os partidos só querem chegar ao Poder. Depois que chegam, deixam tudo como está. Modificar pra quê? O povo não cobra nada.

Puxando um pouco da memória, lembro que o PMDB, o maior Partido que nós temos, quando chamava-se MDB, brigou muito contra a ARENA (que, se não me engano, virou PFL e hoje é o DEM). Acho que só tinha esses dois partidos: ARENA e MDB. O MDB era o Partido da esquerda e a ARENA era ligada ao pessoal da ditadura. Pois bem, o PMDB chegou ao Poder, elegendo Tancredo Neves que, infelizmente, nos deixou e ficando em seu o lugar o seu vice José Sarney, essa figura que reina desde os tempos da ditadura.
Quer dizer: O PMDB, chegou ao Poder e continuou com a tapeação. O PSDB, que é parente do PMDB, chegou lá também, privatizou empresas estatais com a “intenção” de melhorar, enrolou, se deu bem, mas não mudou nada...
O PT está no Poder, e até agora não mudou nada. Eu só quero ver qual o Partido que vai ter a coragem de acabar com o Coeficiente Eleitoral, com a Imunidade Parlamentar, e com todos esses privilégios que os políticos têm.

Eu vi no Facebook o PRVP – Partido de Representação da Vontade Popular. Este Partido pretende lutar por uma causa justa: O político eleito só poderá candidatar-se outra vez, depois de dez anos. Vocês acham que essa corja que está no bem bom, e que manda e desmanda, vai deixar isso passar? Eu não acredito, mas entrei nesta causa. Não custa nada tentar. Já disseram que o povo unido, jamais será vencido. Então vamos tentar unir o POVO.

A. J. Cardiais
 31.10.2011



imagem: google

CONVERSA PUXA CONVERSA

Eu posso entender “superficialmente” sobre muitas coisas. O que me interessa, procuro aprofundar-me mais. Porém tem coisas que, por algum motivo, eu me interesso, mas não procuro aprofundar-me. Política, por exemplo. Política é uma coisa que, quanto mais você fica “entendendo”, mais você fica indignado. Talvez seja por isso que o povo procura ficar de fora dessa sujeira. Mas, como eu digo no título: Conversa puxa conversa, o meu assunto aqui é outro. Eu quero falar sobre Folclore. Eu quero saber (dentro da minha santa ignorância), se quando uma determinada coisa é “transformada” em folclore, se ela ganha mais valor ou perde? Eu faço a pergunta, como um ignorante curioso, tentando “designorar” (?). Há muito tempo fico observando que as pessoas olham o folclore como um mito, uma brincadeira... Como algo que, por algum motivo, deve ser preservado, mas não precisa ser respeitado.  Tai o exemplo: Papai Noel, Saci Pererê, Mula sem cabeça... Na hora da precisão, eles estão ali, eles servem pra alguma coisa. Depois, joga-se fora, esquece. Alguém já viu alguma música folclórica valorizada? Não. O valor dela é sentimental... É por isso que o samba de roda, que é a base de muitos sambas de sucesso, é utilizado, e o pessoal que o utiliza não faz a mínima citação da fonte “arrecadadora”.  A resposta é: Ah, mas todo mundo já sabe. Sabe, as pessoas que estão na lida há mais tempo e alguns curiosos. Mas a geração de agora e as gerações vindouras, se não tiver a fonte citada, jamais saberá.  Bem, mas a conversa é outra. Eu quero chegar é à Religião. Vocês já viram alguma Religião pertencer (também) ao folclore? Isso faz dela o que? Dignifica, valoriza... ou faz com que ela entre (também) no conceito geral de “folclore”? O Candomblé é “vendido” como folclore. Seus rituais, seus orixás, suas iguarias... A capoeira é arte marcial, mas é mais vista como folclore. Ela foi disfarçada como dança para sobreviver. Será que o caratê, o judô e etc, lá na terra deles também é visto como folclore? Os nossos índios são vistos como folclore. Tudo dos índios é visto como folclore: A religião, as armas, as vestimentas... A cultura enfim. Bem, eu vou deixar os índios para outra conversa.
Eu só quero é saber isto: Se alguma coisa “beneficiada” com o título de folclórica, ganha mais valor ou perde?

A.    J. Cardiais
      07.11.2011


imagem: google

MAU CONSELHO

Escrever algo e postar é como montar um telhado de vidro... Você tem que estar preparado para receber de tudo: Tanto a luz do sol e da lua, como as pedradas e as tempestades. Afinal você estará expondo o seu pensamento, a sua vontade, a sua verdade, a sua mentira... Sei lá, você estará se expondo. E se expor, até mesmo para quem gosta de chamar a atenção, é preciso ter “argumento”. Principalmente se for escrevendo. Vai ter gente dizendo que você deveria ter feito assim e assado, que você deveria ter usado isso e aquilo... Vai ter gente criticando a sua linguagem, vai ter gente apontando as suas falhas... Mas também tem o seu lado bom: Além de você “descarregar” o seu sentimento, pode ter alguém elogiando a sua maneira de escrever, pode ter alguém elogiando a sua coragem de se aventurar a escrever sem ser nenhum acadêmico, pode ter alguém lhe agradecendo, por você ter mostrado um novo caminho... (tudo isso é suposição de sonhador).
Mas o mais importante é a adrenalina que ficará reinando, enquanto você espera o resultado da sua “ousadia”. Eu falo “ousadia” porque, quem já escreve cheio de pompa, cheio de conhecimento e senhor de si, só espera colher louros com sua escrita. Quando ele mostrar o “currículo”, ninguém se atreverá a dizer que ele é feio. Se o cara for doutor, professor, pós isso, pós aquilo (só tem pós, nenhum pré), acadêmico, neurastênico... Todo mundo só terá boas falas. Quem se atreverá em atacar o Doutor sabe tudo? Os outros Doutores serão os primeiros a acobertar qualquer “falha”. Estou fugindo do meu objetivo, voltemos:

Lembre-se que você estará expondo a sua maneira de pensar, de ver e sentir a vida e as coisas. Então não espere que todos que lerem o seu texto, vá pensar como você. Explique o que precisar ser explicado, aceite o que precisar ser aceito mas, não compre briga. Ninguém chuta cachorro morto. Então, se chutarem você, é porque você está vivo. Tente ficar mais vivo ainda. Procure escrever o mais correto que puder, para não começar uma “escola” de escrever errado. (Já basta a internet) No mais, é acreditar no que você faz, e tocar em frente. Se não fosse com a ousadia, Oswald de Andrade não teria modificado a forma de escrever poesia.

A. J. Cardiais
08.11.2011



imagem: google

ENTRE EXPLICAÇÃO & DESCULPA 

Certa vez eu escrevi um poema intitulado: “Sob Encomenda”. Eu tentava explicar que eu não sei escrever sem ser inspirado. Tenho que viver o que eu escrevo, tenho que sentir... A “coisa” tem que sair de dentro de mim. Não sei olhar para algo e escrever... Não sei escrever “de fora, pra fora”. É algo meio difícil de explicar. Não tenho nada contra quem escreve sobre qualquer coisa, a qualquer hora, debaixo de chuva, de sol, primavera, verão ou inverno... Quem é escritor profissional precisa saber e ter essas armas. Mas eu sou é poeta (juro pra vocês que eu falo esta palavra com uma certa “inquietação”). E além disso, não sobrevivo de escrita. Escrevo simplesmente por prazer. Apesar de ter uma preocupação enorme com o que escrevo, mas não tenho tanto responsabilidade. Talvez por isso que advenha o prazer.
Deixe eu explicar uma coisa: Eu estou referindo-me à poesia. Não acho fácil olhar para alguma coisa, e fazer um poema... Não acho fácil alguém me dar um tema, e eu fazer um poema... Estou falando neste sentido. Outro tipo de texto, tudo bem. Mas na poesia é outra coisa. Parece que ela carrega nossa alma do momento. Eu digo do momento, porque nós temos vários momentos. E aquele momento em que nós estamos escrevendo, a nossa alma está sendo carregada. Talvez nem estejamos vivendo o momento física ou emocionalmente. Mas é o nosso momento, aquele que nós estamos passando para a escrita. Eu tenho uma certa “indiferença” com acrósticos, justamente por achar que o acróstico é uma coisa muito “técnica”, muito fria.
 Eu vou dar um exemplo: Na década de 80, quando eu vivi os melhores momentos da poesia, depois de algum evento, saia aquele bando de poetas curtindo de bar em bar... E quando alguma pessoa pedia que fizéssemos uma poesia para ela, a nossa “válvula de escape” era o acróstico. Perguntávamos o nome da pessoa e, pimba! tome um acróstico. Então para mim, é uma coisa sem emoção. E o que eu curto mais em escrever, é justamente a emoção de começar sem saber no que vai dar. Muitas vezes eu começo a escrever pensando em uma coisa, e vai dar em outra. Parece que a escrita tem vontade própria. É isso que me agrada.
Tenho visto nas comunidades de poesia, os poetas fazendo poesias em parcerias, mas eu não entro na brincadeira. Eu não consigo “entrar” na idéia de outra pessoa. Um amigo meu, o poeta Antonio Sanábria, em um dos seus livros colocou um poema para o leitor terminar. A intenção dele é editar um livro com essas parcerias. Quando eu vi essa idéia, aplaudi, gostei muito. Tentando tornar-me um parceiro (poético) do meu amigo, debrucei-me sobre poesia, tentando completá-la... Quando eu escrevia alguma coisa, ficava alegre, achando que tinha conseguido. Quando passava o calor da euforia, ao analisar friamente, eu via que nada combinava. Depois de tantas tentativas, desisti de querer completar.  O livro dele está ali, me olhando...
Para completar esta idéia, eu vou contar um caso que deve ilustrar bem aonde eu quero chegar com essa história: O meu compadre, o poeta Luiz Nazcimentto, tem uma facilidade enorme para escrever “sob encomenda”. Tem três poemas dele que todo mundo que lê, gosta. Mas ele não suporta. Ele não os coloca em lugar nenhum, só porque os poemas são “frutos” de desafios. Desafiaram ele, ele escreveu, provou que faz, e fim. Encerrou o caso. Quando alguém questiona porque é que ele não gosta dos poemas, ele diz: Eles não nasceram de mim, eu não gosto de poemas feitos assim!

A.J. Cardiais
10.11.2011



imagem: google

DEUS E OS POLÍTICOS

Deus é tão bom, que deu-nos o livre arbítrio, e só se “intromete” em nossa vida se nós chamarmos por Ele, se nós entregarmos nossa vida a Ele. Fora isso, Ele fica observando o nosso comportamento. Não adianta nós apelarmos para Deus, para resolver a situação da política no Brasil. Para Ele resolver esta situação, Ele teria que ser chamado pelos políticos, e entrar no coração de cada um deles. Vocês já imaginaram um político pedindo a ajuda de Deus para governar com sabedoria e honestidade? Eu acho que não. Os políticos se sentem os deuses. Afinal eles mandam e desmandam aqui embaixo, sem medo de nada. Eles sabem que Deus não “castiga” ninguém, então jogam duro sem nenhum temor. Aliás, acho que eles nem se lembram que Deus existe. E se falam o nome Dele deve ser como um adjetivo: Deus queira que dê tudo certo! Ou como uma apelação para conseguir votos dos pobres coitados. Aí alguém diz: Mas tem vários políticos cristãos!. Eu pergunto: Eles estão fazendo o que o Mestre mandou? Eles estão “repartindo os pães”? Por quê que eles não fizeram (ou fazem) como o deputado federal José Antonio Reguffe (PDT-DF): abrem mão de todas as vantagens, de todas as mordomias?   

Uma vez político, sempre político. Eles seguem os mandamentos do partido, não os de Deus. Eu não sei quantos são os políticos que “se dizem Cristãos”, mas se eles imitassem o deputado José Antonio Reguffe, já seria uma grande ajuda. Eles estão preocupados é com coisas que não vão melhorar em nada a vida desses pobres coitados. Ficam discutindo é a questão do aborto, o casamento entre homossexuais... estas bobagens que não” infloi nem contriboi” para o bem estar dos cidadãos.   
Eu digo e repito: Esses políticos que estão no Poder não querem ajudar a mudar nada... Não tem esquerda, não tem direita, não tem lado nenhum, que esteja pensando no povo. Se tivesse algum, estaria fazendo como este deputado: José Antonio Reguffe.

A.    J. Cardiais
11.11.2011


imagem: google

SOBRE O RÓTULO “UNIVERSITÁRIO”

A mídia usa de todos os artifícios para atrair os “desinformados”.  A INDÚSTRIA MUSICAL agora usa o rótulo “universitário” para “estilos” musicais já existentes. Começou com o sertanejo, agora está com o forró, e se não me engano, já está com o pagode.
Eu não vejo nenhuma diferença dos “universitários” para os estilos originais...
Se a questão for porque os artistas que cantam essas músicas são universitários, nos outros estilos também tem artistas com formação ou cursaram uma Faculdade. Muitos deixaram a Faculdade por causa da arte. Esta falou mais alto.
Então, se a questão for esta, no samba nos temos: Leci Brandão, que é advogada; Dudu Nobre, que estava cursando Direito; João Nogueira, que era arquiteto; Luiz Ayrão, que é advogado, e muitos outros. E nos outros “estilos” musicais também tem muitos artistas que passaram por uma Faculdade. Uns chegando a se formar, e outros abandonaram,  por causa do sucesso. No estilo “brega”, tem o Reginaldo Rossi que é professor de Matemática (se eu não estiver enganado) e o Falcão que é arquiteto. Em outros estilos tem a Sandy (ex Sandy e Júnior) que é formada em Letras, tem o Belchior que é biólogo, tem o Gilberto Gil que é administrador de empresas... Estes são os que eu estou lembrando agora.
Então chega desse negócio de “universitário”... Os universitários de verdade, curtem é a música, e não o rótulo. E ainda tem “repórter” que pergunta: Seu estilo é universitário?
Bem se vê que este não entende nada de música.

A. J. Cardiais
17.06.2011


imagem: google

EXERCÍCIOS E TREINOS

Às vezes algumas palavras ficam cutucando a minha mente... Como elas não se definem claramente, eu procuro esquecê-las. Já quando estou procurando “sarna”, eu me sento e tento decifrar o mistério. Eu chamo isso de “Exercício e Treinos ou “Riscos e Rabiscos”.
Fico procurando encaixar as palavras, como se estivesse montando um quebra-cabeça. Tem coisas que eu gosto na hora. Já tem outras que eu não gosto, porém não jogo mais fora, como eu fazia antes. Aprendi a conservar tudo que escrevo. Deixo de lado, para ver se aproveito mais tarde.
Afinal, estamos na era da reciclagem, não estamos?

A. J. Cardiais
22.07.2011


imagem: google

EU, UM ANTI POETA?

Acho que eu sou um anti poeta ou não existe poeta nenhum em mim, é só um personagem, um encosto... Sei lá. Eu não sei definir o que é “ser poeta”. Só acho que não é “só escrever poesias”, deve ser muito mais do que isto. É uma filosofia de vida ou algo assim. Talvez eu esteja exigindo muito do poeta.
Quando eu tenho que participar de algum evento, que é preciso dizer qual é a minha “função”, eu digo “poeta” com tanta timidez, que até parece que estou mentindo. E quando alguém me chama de poeta, eu adoro o título, mas fico como alguém que recebeu uma armadura bem maior de que o corpo franzino.
Para mim, ser poeta é uma responsabilidade muito grande. Quando penso em Castro Alves, Gregório de Matos, Cuíca de Santo Amaro, Rodolfo Coelho Cavalcante... (isto, só na esfera da Bahia) eu me sinto pequenininho. Não me acho digno de ostentar o título. O que alivia o meu sentimento é ver tanta gente, só porque escreve alguns versos, se auto intitulando de poeta sem, ao menos, procurar conhecer a história dos grandes poetas. Sem procurar saber alguma coisa sobre a própria poesia, mesmo que não faça uso do que aprendeu. Eu, pelo menos, procurei e procuro saber alguma coisa sobre os poetas e sobre poesias. É esse pouco saber que me salva.

A.J. Cardiais
15.11.2011



imagem: google

RECADO AOS JOVENS

Jovens, vocês têm que pensar no Brasil que vocês querem. Enquanto vocês se afastam da política, por ser “nojenta”, os políticos estão fabricando os seus filhos para continuarem no comando da Nação. Vocês podem reparar que a “nossa” (?) política é uma verdadeira monarquia: É de pai para filhos e netos. Enquanto vocês estão pensando em curtição, eles estão esculhambando e roubando a Nação. Eu também fui jovem, aproveitei bem minha juventude. Mas sempre fiquei de olho na politicagem. Isso não impediu-me de curtir a vida. Se vocês não acordarem para a verdadeira Vida, vocês podem se arrepender mais tarde. A juventude passa. E quando somos jovens, nós podemos tudo e suportamos tudo. Mas depois da juventude vem a velhice... E a velhice, se não foi planejada antes (na juventude) é triste.    Aí , se já não puderem fazer nada, se já não agüentarem fazer nada,  vão viver de que? De curtições vividas?  De lembranças boas?
Jovens, tomem conta do que é nosso. Não deixem essa corja que está no comando continuarem com esse destruição do nosso País. Se eu tiver alguma culpa em tudo isso que está acontecendo, é só de ter apostado no PT. Mas até agora eu ainda acho que fiz a coisa certa. Acredito que se o PT não fez o que deveria ser feito foi por culpa das coligações. É isso que precisa acabar (as coligações). Sei que vocês não têm muita paciência de ler, então vou logo ao que interessa: Nas próximas eleições, votem em quem nunca esteve no poder. Vamos acabar com essa corja. Não aos filhos e netos do poder. Tenho dito.

A.J. Cardiais

18.11.2011





imagem: google

EXPERIMENTAÇÃO OU POSSIBILIDADES

Não leio nada como “estudo”... Ou talvez seja um estudo, o que eu procuro ler por curiosidade e prazer. Não sou adepto de nada, nem contra nada. Sou a favor da liberdade. Liberdade de expressão. Mas, com uma condição: Procurar saber, procurar conhecer. Isso não significa fazer tal e qual “aprendeu”. Significa que sabe, conhece, mas segue o que quer seguir, o que dá prazer. Se tudo que se aprendesse, fosse obrigado a fazer tal e qual, as coisas nunca mudariam.
Na poesia por exemplo, eu sempre enfatizo para que leiam Drummond, Bandeira, Quintana, Leminski e outros. Eu peço que leiam não como uma “obrigação”... Leiam para ter alguma idéia, para fazer alguma comparação. Se gostarem, continuem a leitura. Não acho válido alguém ler algo “só para mostrar que sabe”, sem nenhum prazer.
Mario Quintana disse: “Já li poetas de renome universal e, mais grave ainda, de renome nacional, e que no entanto me deixaram indiferente. De quem é a culpa? De ninguém. É que não eram da minha família”.  (¹)
É a isto que eu estou me referindo: Ler algo que lhe é indiferente, só porque foi escrito por alguém de renome... 
Esse texto de Mario Quintana (Carta), eu acho que quem se arvora a escrever poesia, deveria lê-lo, é ótimo.

(¹) Mario Quintana
Em: Carta
Coleção Melhores Poemas
Ministério da Educação – FNDE
Pag. 90

A.J. Cardiais
20.11.2011



imagem: google

É PRECISO CURIOSIDADE

Eu posso estar enganado, mas defendo uma tese: Ninguém precisa cursar uma Faculdade de Letras, para ser Poeta. Primeiro porque a faculdade não forma ninguém em poeta. Como todas as artes, ser poeta é um dom. E se for olhar na história, os nossos poetas de renome não cursaram Letras, cursaram Direito, Farmácia e etc. Eu, depois de estar trilhando pelos caminhos da poesia, fui fazer Letras, pensando em dar mais “peso” à minha poesia... Só cursei quatro semestres. Vi tanta coisa, que achei que acabaria me perdendo. Depois, lendo sobre Paulo Leminski e sobre Fernando Pessoa, fiquei sabendo que eles também abandonaram a faculdade de Letras. Juro que fiquei mais aliviado. Mas não é o certo, pois uma Faculdade é muito importante. Ela sempre abre novos horizontes. Contudo a questão aqui é sobre a curiosidade, então vamos ao que interessa: Escrevi uma crônica (Eu, Um Anti Poeta?) que deve ter mexido com os brios de muita gente. Inclusive com o meu. Vou tentar explicar-me: Acho que todo mundo que se arvora a escrever poesia deve, pelo menos, procurar saber um pouco a história da poesia e sobre alguns poetas. Não como um pesquisador, como um curioso. Afinal, a pessoa tem que saber alguma coisa sobre o que ela está fazendo. É como se estivesse “pedindo licença” para trilhar por este caminho, e reverenciando os que já trilharam.
Eu agradeço ao Oswald de Andrade por ter ousado em romper com os “moldes” de fazer poesia de antigamente: O Parnasianismo e o Simbolismo. Mas ele cometeu um ato que eu acho que foi um pecado: Ele desfez dos poetas antigos e queimou livros dos poetas. A mesma coisa fizeram os Poetas Marginais: Desfizeram dos poetas antigos e queimaram livros de Drummond e etc. Alguns até disseram desconhecer a poesia de Drummond. Acho isso uma falta de respeito. Se alguém não concorda com o que está sendo feito, exponha o seu trabalho para ver se vai agradar o povo, se vai “pegar”. Mas não precisa desfazer de ninguém.

Olhem quantas “escolas” passaram pela poesia depois do Modernismo: O próprio Oswald criou a Antropofagia, em 1928/29. Em 1956 veio o Concretismo, querendo acabar com as palavras, propondo uma poesia mais visual do que literária. Em 1959, poetas ligados ao Concretismo se desentenderam e criaram o Neoconcretismo. Este, já se preocupando mais com as palavras. Em 1962 Mario Chamie cria o Praxismo. Em 1967 Wladimir Dias Pino cria o Poema-Processo. Este também abandonando quase que completamente o uso das palavras. Eles confeccionaram um “pão poema-processo” de 2 metros, que foi comido por 5 mil pessoas, numa Feira de Arte de Recife. E finalmente em 1970 (mais ou menos), a “Geração Mimeógrafo” ou a Poesia Marginal (da qual eu sou fruto), com uma poesia mais desligada, sem compromisso com os métodos acadêmicos. O que foi bom na Poesia Marginal foi que ela não veio como uma “escola” ditando ordem, ditando conceitos. Ela veio rompendo com os já existentes e deixando a poesia livre de qualquer molde, de todas as normas.
Vou frisar mais uma vez: Tudo isso que eu escrevi é fruto da minha leitura descompromissada, da minha curiosidade. Li como um lazer, não como um pesquisador em busca de fatos para comprovar alguma coisa. 


A. J. Cardiais
20.11.2011



imagem: google

BE BOP NO SAMBA

“Só ponho be bop no meu samba, quando Tio Sam pegar no tamborim. Quando ele pegar no pandeiro e no zabumba, quando ele entender que o samba não é rumba. Aí eu vou misturar Miami com Copacabana” ¹. Eu tenho a impressão que os compositores Gordurinha e Almira Castilho fizeram essa música por causa da invasão das músicas norte americanas no Brasil. Mas o fato é que ela se encaixa bem com essa tal de “globalização”. Que globalização é essa que um lado só tem que “absorver” a cultura do outro? A “globalização” é fazer o mundo todo falar inglês, é?

Segundo o meu pouco conhecimento, os países que falam inglês (como uma segunda língua) têm algum “motivo” para tal. O Japão já foi ocupado pelos Estados Unidos, durante a segunda guerra. Outros foram colônias e etc. Então eles tiveram um “motivo” a mais para aprenderem o inglês. Nós, brasileiros, não temos motivo nenhum. A não ser algumas pessoas que sonham em ser “internacionais”.

Uma vez eu fiquei sabendo que se algum brasileiro montasse um restaurante lá, nos Estados Unidos, ele não podia colocar o nome do prato em português. Ele tinha que fazer uma “tradução” do que era o prato. Se isso foi verdade eu não sei. Mas supondo que tenha sido verdade (e é bem capaz), isso é o que? É uma valorização do seu idioma, é uma defesa. Já aqui nós engolimos hot dog, hamburger... sem ninguém se preocupar.  Se não estou enganado, foi Camões quem disse: Minha pátria, minha língua. E é isso mesmo. Vocês reparem na História, que todos os povos dominados foram obrigados a falar a língua do dominador. Com isso, eles perdem a identidade, perdem a origem, perdem a cultura... E só vai perdendo até não saber quem é e o que significa no cenário mundial.

O pouco que eu sei do inglês, foi por ser disciplina obrigatória no currículo escolar. Fora isto, nunca me aventurei a aprender além. Procuro descobrir algumas coisas mais porque, infelizmente, os aparelhos eletrodomésticos daqui são fabricados com os nomes em inglês. Por quê  isto, será que nós estamos exportando eletrodomésticos? Eu acho uma vergonha nós ficarmos usando termos estrangeiros para “valorizar” as coisas. Por quê utilizar as palavras deles, se nós temos uma similar? O certo é em Portugal, lá eles chamam o mouse de ratinho. Aí nós ficamos aqui, feito uns abestalhados, abusando dos play graund (é assim mesmo que se escreve?) e dos room, room da vida. Pois é, eu só valorizo o inglês deles, quando eles valorizarem o meu português. A maioria deles nem sabe onde fica o Brasil! E somos americanos, hem!

Disse Olavo Bilac: “O Brasil será uma das maiores, uma das mais formidáveis nações do mundo, quando todos os Brasileiros tiverem a consciência de ser Brasileiros”.

“Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor” ². Assis Valente. 

¹ Chiclete Com Banana – Gordurinha e Almira Castilho
² Brasil Pandeiro – Assis Valente

A.J. Cardiais
04.01.2012


QUER LER MAIS?
LEIA AQUI:
     http://www.recantodasletras.com.br/autores/ajcardiais

http://ajlinguasolta.blogspot.com.br


Nenhum comentário: