segunda-feira, 7 de abril de 2014

A Ferro e Fogo

















Minhas palavras
são como ferro em brasas...
Vibram com suas asas
de jitirana boia.
(Esta serpente voadora
enganadora
que num “óia”:
voa cega pela floresta,
e onde se encaixa, mata).

As minhas palavras
saem doidas pelo ar...
Se for para alegrar,
que assim seja.
Se for para derrubar,
entra na peleja.

Minha capoeira
nem sempre é de brincadeira.
Eu danço na frente,
traço um gingado,
jogo a palavra
e espero o resultado.

A.J. Cardiais
imagem: google

Um comentário:

Adalberto Beto Moura disse...

Parabéns, poeta. Você me fez viajar no tempo. Voltei e fui a Amazônia onde convivi com os Ticunas às margens do Solimões. Lá conheci o Jitirana bóia, um besouro aterrorizador que tanto mata arvores como mata gente. Todos os dias era feita uma varredura nas instalações do acampamento para verificar se não havia entrado algum desses temíveis insetos. A poesia é isso, a arte que muitas vezes traduz-se em um museu da cultura de povos e espécies que muitas vezes estavam esquecidas em nossas memórias contemporâneas.