imagem: google
Tem uma peça de teatro cujo título
é: “Trair e Coçar, é Só Começar”. Bem que eu gostaria que isso acontecesse com
a escrita. Assim ó: escrever e coçar, é só começar. Se bem que tem pessoas que
a “coisa” acontece assim mesmo: começou a escrever, terminam. Comigo não... Eu sofro influências de várias
maneiras. Se alguma coisa, ou alguém, interromper meu raciocínio, tenho que
largar a escrita. E às vezes não adianta tentar recomeçar depois. Se eu tiver escrevendo alguma coisa, com o
radio ligado, e tocar alguma música que eu gosto, quase sempre entra alguma
coisa da música no texto. Eu preciso chegar com o texto praticamente pronto (na
cabeça) para sentar e digitar. Caso contrário, ficar esperando que as palavras
cheguem ou que o vento me sopre alguma coisa, a influência “cai matando”.
Este texto mesmo, já estava todo
engatilhado para escrever... Mal sentei para digitá-lo, e meu filho entra no
quarto me pedindo dinheiro... Pedir dinheiro a quem está duro, é dureza. E
quando você diz que não tem, e a pessoa fica insistindo, é pior ainda. Como é
que eu posso ter estrutura para escrever alguma coisa que preste? Ainda bem que
não escrevo por obrigação, como os cronistas dos jornais. Já li vários deles
colocando esta situação nas crônicas: a de ter que improvisar. Isso é bom
porque vira um exercício. Mas não é a mesma coisa que “largar a alma” na
escrita.
Mario de Andrade dizia que a
crônica para ele era uma válvula de escape. Era quando ele se distraia com a
escrita, pois não tinha tantas preocupações com as normas, como nas outras
formas de textos.
É justamente por esta “liberdade”
que eu gosto da crônica. Ela não nos cobra nada a não ser soltar a imaginação e
escrever. Apesar das interrupções (que não foi uma só), dos olhares vagos no
tempo, das buscas à ideia principal, eu consegui escrever alguma coisa. Talvez
até eu possa dizer agora que escrever e coçar, é só começar.
A.J. Cardiais
07.01.2012
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